Hoje pela manhã acordei pensativa. Era uma espécie de nostalgia. Assim sendo, pensava copiosamente em uma realidade que me acometera durante as tardes passadas e que me traz a este audacioso momento de reflexão. Por enquanto ando meio sem rumo. As manhãs na faculdade já haviam me alertado do que poderia me acometer fora da academia. Violência constante, ignorância, miséria, exclusão, discriminação, preconceitos, desrespeito, humilhação, carência afetiva, analfabetismo funcional, falta de preparo do educador - também vítima deste sistema - e omissão do poder público para com estas crianças. E essas minhas crianças, não tão minhas, distanciadas socialmente de mim me mostram claramente falta de perspectivas. Dizem-me com os olhos que são seres carentes e me acenam a um passo da marginalidade social. Por favor, deixemos de lado as ideologias predominantes que através da abominável (por mim) televisão e outros meios massificadores nos distorcem a realidade e nos dizem que essas crianças são culpadas. Sim, tudo é exposto de forma muito sutil e velada. Eu sei que no futuro próximo essas crianças então adultas serão julgadas por preguiçosas e que submissão ao mundo das drogas e à violência são apenas por falta de vontade e "vergonha na cara". Não gosto de discutir este assunto com leigos. Mas aqui posso me abrir. É um assunto muito delicado pois envolve toda uma ideologia formada pela sociedade burguesa que legitima os interesses dominantes. É, infelizmente tudo isto é reflexo do nosso querido capitalismo. Capitalismo este que legitima a miséria. Podem falar que eu sou insistente nesta questão. Mas é por que as pessoas também insistem na idéia de "sistema perfeito onde todos podem ter o que querem". Poucos sabem ou admitem que o defeito do capitalismo está na sua própria essência. Vamos fugir do senso comum e parar de achar que o capitalismo é questão de política, gestão e mau direcionamento. Não! O capitalismo é baseado na desigualdade social e não há como associar humanização com o lucro. É preciso deixar claro que a partir do momento em que há uma classe extremamente rica haverá o proletariado para promover esta riqueza. Por que voltei a este assunto? Porque acompanhei de perto o reflexo deste sistema. Acompanhei a realidade das crianças de " Santa Cruz" e me angustiei. Santa Cruz é um bairro periférico localizado aqui em Salvador. Iniciei o meu estágio eufórica. A esta altura do campeonato todos meus amigos já estavam sabendo da minha nova experiência e ansiedade em trabalhar com crianças carentes. Nos primeiros dias de contato com a escola busquei incessantemente alternativas que não vinham a calhar por falta de direcionamento da docente e também por inexperiência minha. Me surpreendi com uma sensação estranha, de impotência. Admito que eu ainda não sabia como modificar algo que já estava errado há tanto tempo. E eu era apenas mais uma que estava presa as amarras do conhecimento. Falta de infra-estrutura , falta de lazer; a escolinha não dispusera de espaço físico adequado e isso influenciava no desempenho das crianças que precisavam correr, brincar e serem efetivamente crianças no espaço escolar. Tudo isto, aliado a uma realidade dura, vivenciada por estas crianças, me faz enxergar um futuro triste. O meu menino, hoje sem pai amanhã será ausente ao seu filho e a minha menina tão nova já com um filho em seu ventre será a mãe inconsciente. E é por isso que precisamos repensar tudo isto. A partir do momento que internalizarmos às necessidades de mudanças iremos permitir a efetivação delas. Vamos buscar alternativas, vamos pensar em uma educação para além do capital. Enquanto isso, dói saber da realidade e futuro dessas minhas crianças. Não tão minhas.
quinta-feira, abril 28, 2011
sábado, dezembro 04, 2010
Uma crítica a mim.
Há um tempo atrás lia entusiasmada István Mészaros em "A educação para além do capital". O livro traz um estudo denso e consistente acerca da lógica perversa e desumanizadora do capitalismo e as conseqüencias para a nossa sociedade. Mas na ocasião não fomentarei análises ao livro, deixarei para um momento mais oportuno. Hoje necessito explanar um conflito interior.
Como havia exposto, li o livro entusiasmada e me bastou um dia para estudar a obra por completo. O entusiasmo que sentia era por conta da minha ilusão em perceber dentro de mim um ínfimo de consciência...A contento, não nego que hoje a então "leitura densa e crítica" do livro me incomoda. Talvez por que hoje me percebo impotente. Aceitação, impotência, individualismo...Aos poucos vou confessando que também sou culpada.Tudo isso me aflige e ao mesmo tempo me vejo aprisionada em um mundo injusto, desigual e que me ensina a ser individualista a todo instante. Sinto-me inconsciente. É, talvez não seja propriamente inconsicência - o inconsciente não tem culpa, está claro que este não é o meu caso - , mais uma vez tentei fugir da realidade... Sim, sim. Aqui estou deixando a minha hipocrisia de lado. Estou mostrando quem eu sou...Poucas pessoas vão saber.Tantos anseios, tantos textos, tantas discusões em sala, tantas críticas e agora me deparo aliada a realdiade que me angustia. O conflito existe por perceber que a lógica perversa do capitalismo também me consumiu. Consome minha família, meus amigos, meus colegas da faculdade, consome a sociedade todos os dias.
Por enquanto continuo sem perspectivas e vivendo na utopia de ter, enquanto não sou o que almejo...Agora não cabe mais esconder a verdade. E como já dizia Clarice: "Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas continuarei a escrever."
segunda-feira, março 22, 2010
O currículo em sua proposta multirreferencial.
Durante nossos semestres fizemos várias análises quanto ao currículo e ao seu papel sócio-político. Analisamos dessa forma a teoria crítica do currículo no que tange a sua relação com a ideologia, a estrutura social, a cultura e o poder, e dentro deste contexto de normatização e homogeinização percebemos o quanto o currículo, de forma velada, delinea a nossa sociedade. É nesta perspectiva que analisamos a multirreferencialidade curricular, que nos explicita que o currículo tem sim a responsabilidade de promover educacionalmente a todos os alunos. Esta proposta multirreferencial não significa que o currículo seja proposto de forma rígida, disciplinar, unitária e homogenea, como é proposto atualmente por diversas instituições de ensino. Assim, é fundamental buscar a desarticulação deste processo e a efetivação de um espaço multirreferencial de aprendizagem. Mas diante desta análise nos perguntamos como seria este espaço multireferencial de aprendizagem? A resposta mais objetiva seria: Um espaço com referência principal no alunado, nas suas vivenvias, com respeito as diferenças, os gostos, os interesses e as necessidades de cada um, valorizando sempre o aprendizado e a heterogeneidade do grupo.
Assim, perceber a importância da multirreferencialidade significa buscar um espaço de diálogo e comunicação entre a comunidade escolar e as estruturas de poder da nossa sociedade, propondo uma efetiva articulação crítica dos saberes, onde todos, tanto alunos quanto professores passem a ser sujeitos deste processo educativo.
quinta-feira, março 18, 2010
A LDB em análise por Paula Marques.
Em uma análise estrutural ampla das condições econômicas, políticas e sociais da sociedade brasileira - entranto no viés da educação - percebe-se a decadência da escola brasileira e a irrealidade do sistema de ensino proposto pela LDB.
A LDB, que utopicamente estabelece a educação como direito e dever de todos, privilegia a classe abastada de uma forma paradoxal. O paradoxo fica extremamente evidente quando a classe dominante -detentora do capital -se mantém ao longo de suas vidas nas melhores escolas e posteriormente ocupam vagas em instituições públicas, que logicamente deveriam ser ocupadas pelas populações mais carentes. Dessa forma, a classe mais carente acaba, injustamente, ocupando vagas nas insituições particulares e é amparada pelo poder de uma forma um tanto quanto irreal e paragmática.
Assim, fica evidente que há um sistema de ensino irreal no país, onde as leis propostas pela LDB apenas fazem uma referência ao sistema educacional, sem articulação entre as várias esferas de ensino existentes. A indgnação é mais evidente quando percebemos que o Estado se mantém omisso, a população ainda mais carente e a ideologia da isonomia utopicamente se faz presente. E a LDB, onde está? Está no papel. Infelizmente a LDB não visa corrigir as diferenças sociais, mas sim, reforçar as estruturas de classes, sendo assim mantenedora da classe abastada no porder. ONDE ESTÁ A NOSSA LDB?
A LDB, que utopicamente estabelece a educação como direito e dever de todos, privilegia a classe abastada de uma forma paradoxal. O paradoxo fica extremamente evidente quando a classe dominante -detentora do capital -se mantém ao longo de suas vidas nas melhores escolas e posteriormente ocupam vagas em instituições públicas, que logicamente deveriam ser ocupadas pelas populações mais carentes. Dessa forma, a classe mais carente acaba, injustamente, ocupando vagas nas insituições particulares e é amparada pelo poder de uma forma um tanto quanto irreal e paragmática.
Assim, fica evidente que há um sistema de ensino irreal no país, onde as leis propostas pela LDB apenas fazem uma referência ao sistema educacional, sem articulação entre as várias esferas de ensino existentes. A indgnação é mais evidente quando percebemos que o Estado se mantém omisso, a população ainda mais carente e a ideologia da isonomia utopicamente se faz presente. E a LDB, onde está? Está no papel. Infelizmente a LDB não visa corrigir as diferenças sociais, mas sim, reforçar as estruturas de classes, sendo assim mantenedora da classe abastada no porder. ONDE ESTÁ A NOSSA LDB?
segunda-feira, outubro 05, 2009
A minha vida escolar.
Ao lembrar-me da minha infância me remeto a um doce cheiro de suco e da merenda que a minha mãe preparava. Era um cheiro único, inconfundível. Todos os dias ficava ansiosa para ir a escola, armar os joguinhos de montar, brincar com meus coleguinhas, fazer as atividades e depois lanchar. Em tudo havia uma magia. Era tudo muito belo. Os "são-joãos", os banhos de mangueiras, os "natais". E o dia em que levei um pintinho vivo para casa? Ah... Quanta saudade! Após esta época do maternal, onde estudava na escola “O Pequeno Sábio" fui para outra escola fazer a alfabetização. Adorei esta fase! Estudava na escola Dinâmica Presidente Kennedy e até hoje lembro o nome da minha professora Marinalva. Paciente e muito tranqüila, a "pró" Marinalva foi muito importante no meu processo de alfabetização. O meu ensino primário foi bastante tranqüilo. Tirava boas notas e sempre fui estimulada a estudar em casa... A minha dificuldade maior na época da escola foi na 6ª serie, quando eu mudei da "Presidente Kennedy" para outra escola --Nossa Senhora da Conceição --, agora uma instituição maior, onde para mim era tudo novo, principalmente as exigências escolares. No colégio Nossa Senhora da Conceição aprendi muito. Lá haviam ótimos professores que ensinavam e exigiam bastante dos alunos o interesse em estudar. Tudo bem que a partir da 6ª serie só fui conseguir passar direto na 8ª!! Sempre ficava em recuperação de Matemática e Inglês. Durante este tempo no CNSC criei um ótimo vinculo de amizades. O meu 1◦ ano, foi super turbulento. Passei por diversos problemas familiares que me levaram a um certo descaso para com a escola e conseqüentemente a repetência. Nunca admiti ter perdido este ano. Eu estava convicta que havia aprendido os assuntos suficientemente e não tinha nenhuma dificuldade de aprendizado. Após ter perdido o ano, meu pai ficou muito triste e não permitiu que continuasse no CNSC. Como meu irmão já havia estudado na escola Nossa Senhora das Mercês e meu pai já conhecia a Instituição estava certo que esta iria se tornar a minha próxima escola. Tudo já estava voltando a normalidade. O meu primeiro ano nas "Mercês" foi muito tranqüilo. Eu já dominava todos os assuntos da série e tirava ótimas notas. Nunca iludi ninguém que me chamava de "CDF", afinal de contas, para mim tudo era mais fácil. Inicialmente havia odiado a mudança de escola. Sentia saudades dos meus colegas de classe e nesta nova escola tudo tinha que ser refeito. Sempre fui muito comunicativa, então, logo no ano seguinte já estava amando a escola e os meus novos amigos, que por sinal, são amigos até hoje. O meu segundo ano também foi tranqüilo. Havia ido para duas recuperações, mas tirei de letra. Já no meu terceiro ano foi um pouco cansativo. Ficava praticamente o dia todo na escola devido ao número extenso de aulas. Após o longo período de aulas e preparação, passei no vestibular da UFBA, para a primeira fase. Uma época bastante corrida, pois eu precisava estudar para as recuperações da escola e para a segunda fase da UFBA. Mas tudo deu certo. Hoje estou no 6◦ semestre da faculdade e estou muito satisfeita. Já estagiei na área de docência e hoje estou estagiando na área de Supervisão Pedagógica. Corro contra o tempo, trabalho em jornada tripla: Faculdade, estágio e aulas particulares. Estou muito feliz em ter vivenciado estas experiências na minha área e pela oportunidade de aprendizado na UFBA.
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